Espero a tua (Re) Volta
- Gabriel Ambrogi
- 17 de nov. de 2019
- 2 min de leitura
Filme conta a perspectiva da luta de estudantes brasileiros, a partir das ocupações das escolas em 2015
Para aqueles que desejam assistir o documentário “Espero a tua (Re) Volta”, sugiro: sentem-se, deixem seus celulares de lado e contemplem por 1h33 minutos a vida e a luta de estudantes brasileiros, envolvidos nas ocupações de escolas em 2015.
O documentário de Eliza Capai retrata as ocupações estudantis em São Paulo, pela perspectiva dos estudantes, exibida pela primeira vez na amostra Generation, uma modalidade do cinema internacional das últimas gerações, voltada ao público jovem, com filmes que abordam narrativas épicas e momentos fugazes, voos de fantasia e realidades amargas. “Espero a tua (Re) Volta” foi a única produção 100% brasileira premiada no festival. O longa metragem ganhou também o Prêmio de Anistia Internacional e o Prêmio da Paz no Festival de Berlim 2019.
O primeiro elemento surpresa no longa é a linguagem visual e narrativa. Uma música divertida se articula com cortes rápidos enquanto vozes jovens comentam imagens das manifestações estudantis de 2015. O ponto central do filme são as ocupações das escolas paulistas em 2015, a partir do olhar dos ex-secundaristas Lucas “Koka”, Marcela Jesus e Nayara Souza, e mostra a reação de alunos em resposta à reorganização escolar, anunciada pelo governo paulista de Geraldo Alckmin. Sob o lema “Ocupar e resistir”, os estudantes protagonizaram a ocupação de mais de 200 escolas e serviram de inspiração para outros jovens do país todo, movimentando e mobilizando atos a favor da educação.
Para estudantes que viveram a ocupação na pele, o documentário é um dos poucos relatos – senão o único – que representa os seus ideais e suas perspectivas. O filme foi feito por estudantes, a maioria pobre e negra, e muitos já morreram por conta da opressão do sistema. Hoje poucos deles ocupam cadeiras de universidades.
A luta ainda não acabou – e é essa a mensagem que o filme traz: há muito a ser feita, a ser mudado e muitos lugares a serem ocupados. A produção carrega como lema o seu próprio nome e espera desesperadamente a “Tua Revolta”.

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