CORINGA, DE JOAQUIN PHOENIX, É UM DOS GRANDES FILMES DO ANO
Ambientado no final dos anos 70 e o início dos anos 80, o “Coringa” retrata a vida de um dos mais clássicos vilões da história. Interpretado por Joaquin Phoenix, o personagem Arthur Fleck dá, de bandeja, aos críticos uma das maiores atuações do ano.
Com direção e roteiro original de Todd Phillips, o filme tem o diferencial de não seguir nenhum quadrinho da DC Comics. Phillips, em entrevista à revista Empire, disse que: “apenas escrevemos nossa própria versão sobre de onde um cara, como o Coringa, pode surgir. Nós não estamos fazendo um filme do Coringa, mas sim como se tornou o Coringa”, completou.
Para a estudante de gestão pública e amante de HQs, Luiare Ferreira, 20, “esse Coringa do Joaquin Phoenix é muito mais humano, porque a gente consegue se identificar mais do que com a história dos outros”. Ela enfatiza que “não seguir a história da HQ, faz com que a gente se aproxime do personagem”.
O filme mostra a história de um homem que durante o dia trabalha como palhaço e a noite tenta a sorte como comediante, mas Arthur vive em Gotham City, a cidade do Batman, onde as ruas estão infestadas de lixo e ratos, as verbas sociais e de saúde foram cortadas e há uma relação conturbada entre a população e Thomas Wayne, um bilionário que concorre à prefeitura da cidade de Gottam e é o pai de Bruce Wayne, o Batman.
Esse coringa é bem diferente dos outros interpretados nos últimos anos, envolvidos em situações em que enfrentavam o Cavaleiro das Trevas, o Batman. O personagem mostra as ideias do filósofo francês Rousseau: “o homem nasce bom e a sociedade o corrompe. Nasce neutro de ideias e o sistema social educa ou realça seus instintos, liberta seu psiquismo ou aprisiona”. A crítica social feita pelo longa mostra que empresários e políticos não se importam com quem mais precisa de ajuda e que a mídia que explora essas pessoas.
Para o jornalista Guilherme Coelho, 22, o filme tem roteiro, fotografia e áudio magníficos. “É um dos melhores filmes que assisti. Talvez eu não coloque como melhor, porque ele me fez mal e ainda mais porque ele trata da patologia do Coringa. Nos outros filmes, ele ri porque é divertido, ele mata porque é divertido. Esse não, ele ri, mas com dor”, enfatiza.
Phoenix interpreta intensamente o personagem, que vive literalmente a mercê da sociedade, sociedade essa que não o ignora. O ator entrega um personagem instável, louco, meio inocente, que só quer ser compreendido. Merece destaque o trabalho das risadas únicas do personagem, que ri em momentos considerados inadequados. Segundo o próprio ator, durante uma entrevista à revista italiana La Repubblica, houve um estudo sobre como fazer essa risada.
O transtorno do riso é só mais um dos motivos para que Arthur seja humilhado e incompreendido e faz com que o personagem chegue ao limite. Um exemplo é o assassinato dos três empresários que trabalham para o pai do Batman, Thomas Wayne, que acaba gerando uma série de protestos e faz com que o personagem seja enxergado pela sociedade.
Para Coelho, “assistir o Coringa é uma experiência única, mas ao mesmo tempo é um filme que te faz pensar e que te faz mal”.
Não é um filme bonito e nem fácil de ser visto. É um filme sobre vilão, que comete crimes, que para ele está tudo bem em cometê-los e de alguma forma, entendemos o porquê dos crimes. Não deve ser endeusado e nem glorificado, mas ainda assim é digno de um Oscar, pela atuação e interpretação de Phoenix.