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Produção cinematográfica ganha destaque em Poços de Caldas

  • Andressa Souza
  • 14 de out. de 2019
  • 3 min de leitura

O cinema interiorano dá os primeiros passos com curtas-metragens e documentários

Em 2018, a indústria cinematográfica norte-americana lucrou 96,8 milhões de dólares, segundo dados da Motion Picture Association of America (MPAA), contudo cinema não é só Hollywood. Fora do circuito de filmes com orçamentos milionários, há pessoas que produzem cinema no interior do Brasil. Carregado de críticas e mais empático, a democratização da arte de elite acontece aos poucos. Em Poços de Caldas, Sul de Minas, o cinema dá os primeiros passos com curtas-metragens, documentários e até festival de cinema.

A paixão pela sétima arte é romance antigo do diretor Marcelo Leme, sobrinho de donos de locadora, ele conta que já assistiu mais de cinco mil filmes, muitos deles de terror, até que conheceu Beleza Americana, que entre as principais características, estão as críticas ao American Way Life (jeito americano de viver). “Na época ele era mais complexo do que eu estava acostumado, mas me perturbou. Então eu fui ler, assistir mais de uma vez, até que entendi, aos poucos, que cinema é mais do que se mostra, é mais que filmar alguém fazendo alguma coisa, tudo tem um sentido” – relembra Leme.

O cineasta-diretor abordou em seus filmes, Cão Maior, Sereno Imortal, e o ainda em produção, Meia Noite na Floresta, temas como abuso sexual infantil, violência sexual e a violência psicológica. Para ele, o bom filme não dura apenas 15 minutos. “O meu viés é a provocação, eu não quero que em nenhum momento o telespectador saia ileso. O cinema incita o debate. O que eu estou representando pode ser que aconteça ao seu lado.”

A proximidade (do que ou com quem) também foi elemento essencial para a produção do documentário “O Homem da Fé – A obra de Amadeu Francisco”, produzido por Karime Navarro e Sabrina Carvalho. Elas assumiram a missão de contar em 25 minutos a vida de Seu Amadeu. Rezador, mestre de Folia de Reis, catireiro, curandeiro, ele foi símbolo da cultura popular poços-caldense. “A cultura popular de qualquer canto do Brasil é muito rica e frágil ao mesmo tempo. Depende de um conhecimento que, na maioria das vezes, é passado de geração em geração. Por isso, ela está sempre se transformando. A nós, cabe registrar essa cultura de sobrevivência, perante uma indústria cultural e massificadora e homogênea”.

Apesar das leis de incentivo municipais, estaduais e federais, os recursos financeiros para produzir são conquistados com muito suor. Além disso, a mão de obra se especializa por meio da tentativa-e-erro. Dentro deste cenário, surgiu o Festival Nacional de Cinema – Fest Cine – em Poços de Caldas, que se realiza todos os anos com oficinas gratuitas de cinema e audiovisual e mostra competitiva de curtas-metragens. Nele, há o intercâmbio de informações e conexões entre profissionais. O idealizador e também diretor da Alterea Filmes, Bruno Benetti, exemplifica como o mercado cinematográfico pode gerar emprego e movimentar a economia local. “Suponhamos que você vai fazer um curta-metragem e consegue R$ 2 mil de investimento. Você precisa de uma história e conhece uma jornalista recém-formada que já escreveu um livro, está começando. Você a chama para escrever o seu roteiro e irá pagá-la por isso. Conhece um ator de teatro, um fotógrafo, uma pessoa para ajudar nos equipamentos, uma costureira e distribuirá seu investimento em troca do serviço deles. Enfim, vai expandindo e além de mostrar o potencial destes profissionais, gera renda e um impacto social”, conta Benetti.

Resistir é preciso

“Participar da produção de cinema no interior significa fazer cinema na raça” é como define Karime Navarro. Essa artesanalidade instiga o cinema interiorano a algo que grandes produções não têm. “Um bom filme resiste sem explosões, sem efeitos visuais magnânimos m, mas não sem uma boa história. Eu já cheguei a usar lix de celular para iluminar i ser, porque isso não era o mais importante, o importante era a essência da nossa mensagem”, diz Leme.

Real até demais

Não é apenas dentro das telas que acontecem aventuras. Bruno Benetti conta que durante uma filmagem de uma ficção fantasia foi preciso a locação de um corredor de cinema no shopping de Poços de Caldas. Apesar de terem avisado aos funcionários do cinema, houve uma falha de comunicação entre eles e os do shopping.

“Estávamos lá, seis pessoas vestidas como soldados, com coletes, armas falsas, próximo aos caixas. Quando, de repente, quatro seguranças foram se aproximando até que eu fui conversar com eles e dizer que era uma encenação. Uma amiga jornalista me contou depois que quase viramos notícia, pois houve uma denúncia de tentativa de roubo no shopping”, conta Benetti.


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Pindorama é a designação de um local mítico dos povos tupis-guaranis, que seria uma terra livre dos males. Foi também o primeiro nome atribuído ao Brasil pelos índios, antes da descoberta. Por analogia, um blog de Jornalismo Cultural seria “um espaço livre dos males”, um território onde a literatura e as artes encontram um terreno fértil para frutificar. Aqui você encontra a produção dos alunos do 6º Semestre de Jornalismo da UNIFAE, que estão construindo um blog coletivo, sob coordenação da Profª. Carmem Aliende.

Os alunos foram desafiados a produzir textos literários, críticas, resenhas, matérias e perfis relacionados  ao universo cultural, em suas várias vertentes - cinema, teatro, artes plásticas, dança, música, moda, literatura, gastronomia, etc. Entre os principais objetivos da atividade estão vivenciar a construção coletiva de um blog, percebendo suas peculiaridades e possibilidades de atuação profissional; aproveitar o potencial dos alunos que já têm alguma produção autoral para trocar experiências e motivar os demais; e criar formas de interação com o público.

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