Dos bastidores para a vida real: A arte que transforma o mundo
Ator e diretor, Dema Mello contou sobre como iniciou carreira e sobre suas oficinas
O coração bate forte, a euforia é grande e a respiração, profunda. Começa um novo ato. Tempo depois, as luzes se apagam, um holofote volta-se para o centro do palco e todo o teatro explode em aplausos e gritos de entusiasmo. É assim, há cerca de 30 anos, a vida do ator e diretor, Dema Mello.
Natural de Ipuiuna, Dema mudou-se para Poços de Caldas (MG) aos 13 anos, mas foi aos 18, ainda na cidade mineira, que teve seu primeiro contato com o teatro e descobriu seu dom. De lá pra cá, o ator já esteve nos palcos de Campinas, Curitiba e do Rio de Janeiro.
No ano 2000, ao retornar do Rio de Janeiro, Dema Mello foi indicado para participar de oficinas em um projeto de Poços, onde trabalhou durante 4 anos. "Depois disso eu comecei a fazer projetos no meu nome e inscrevia na Lei Municipal de Incentivo à Cultura, que era patrocinado por algumas empresas que pagavam o ISSQN. Então durante sete anos consecutivos, eu tive a Mostra de Peças Curtas, foi onde eu fiquei conhecido", explica.
Nesse período, o ator produziu peças para a mostra que eram apresentadas no Espaço Cultural da Urca e deu aulas nas oficinas do projeto. Além disso, Dema organizou, no evento Julho Fest de 2019, em Poços de Caldas, a oficina Teatro dos Sentidos, em que trabalhou com mais de 40 pessoas, com o tema, "Acessibilidade".
"Eu já tinha uma introdução de oficina que era meio sensorial, então eu juntei essa ideia que era com ervas, cheiros, água, fogo e ar. (Durante a oficina) a gente recebia o público com os elementos da natureza, pedíamos para que eles fechassem os olhos, se sentassem e nós borrifávamos (a água) levemente", explica o ator. Música ambiente também ajudou a criar o clima para a experiência dos sentidos, proposta por Dema. O evento teve tradução em libras.
"Nós distribuímos saquinhos com terra, para as pessoas tatearem e sentirem a textura. Também riscamos fósforos para que sentissem o cheiro da pólvora e da madeira do palito queimado, e, para representar o ar, nós enchemos bexigas para soltar o ar próximo às pessoas", relata.
Para Dema, mais que trabalho, o teatro é uma oportunidade de intervir no mundo: "O que me move no teatro é a esperança de que através da arte a gente possa transformar o mundo. Eu costumo dizer que o artista é meio deprimido, então quando eu estou em cena é quando eu realmente estou vivendo. [...] É no palco que o artista vive".
Dema Mello em A Dama de Minas crédito Foto Reprodução Instagram