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Anastasia, a princesa perdida em Poços de Caldas

Antes de começar essa história, é bom avisar que não se trata exatamente de um conto de fadas.

Imagine uma princesa vive feliz com seu pai, ele tem o cargo mais importante do país e todos o chamam de Czar Nicolau Romanov, mas a população não é favorável a seu governo. A princesa vive com sua mãe e outras três irmãs, Olga, Maria e Tatiana, e a principal função delas é manter as aparências no reino do Império Russo.

Num cenário marcado pela convulsão social, a Revolução Russa foi comandada pelos bolcheviques, em 1917. O Czar Nicolau Romanov abdicou do trono e sua família foi assassinada. Nos anos seguintes, outros parentes foram mortos, exterminando de vez a família Romanov. Ou quase toda ela.

Os Romanovs foram uma família nobre russa, que governou a Moscóvia e o Império Russo por oito gerações, entre 1613 e 1762, ou seja, quase 150 anos. Dá pra imaginar que para uma família que viveu todo esse período na realeza não iria ser facilmente extinta.

Na noite da chacina real, uma pessoa não morreu, e há tantos rumores dessa lenda que seu nome foi erguido por todo o mundo, como Anastasia Romanov, a princesa que sobreviveu à terrível noite na casa Ipatiev.

Relatos

Investigações sobre o paradeiro da família apontam que as filhas do czar não teriam morrido, na noite do massacre: as balas teriam desviado do alvo, o coração. Os guardas que deveriam cuidar do local teriam confessado que estavam bêbados naquela noite e teriam descuidado da vigilância, e Anastasia teria escapado.

Há quem diga que toda essa história é fruto da imaginação, mas logo depois que os movimentos contra a União Soviética se acalmaram, ainda se ouviu falar de pessoas da família Romanov, que estariam vivas; entre os sobreviventes, uma matriarca, que herdara os bens da família, e buscava incansavelmente uma princesa perdida.

Histórias da Princesa

Logo depois que se soube que sobreviventes da família real Romanov estavam à procura de sua herdeira por direito, muitas supostas princesas teriam se apresentado como Anastasia, e diziam que tinham sobrevivido e voltado para receber os direitos de princesa.

Essa história ficou famosa no mundo todo e, repercutiu principalmente no Brasil, quando supostos rumores apontaram que a princesa perdida havia fugido para o país tropical. “Foi em meados de 1922 que duas mulheres muito brancas e bem vestidas chegaram à cidade, muitos diziam que eram mãe e filha, que tinham acabado de chegar da Rússia”, conta o historiador poços-caldense Clisthenis Betti.

Segundo dados históricos, foi na cidade de Poços de Caldas, no Sul de Minas, que a princesa resolveu se instalar. Moradores da redondeza apontam um velho asilo que teria sido a casa onde Anastasia, junto da governanta, faziam de morada.

Cecília Alves, de 93 anos, moradora do asilo Lar dos Velhinhos, foi aluna de Anastasia. Ela conta que a princesa mostrava fotos de sua família, principalmente de seu pai, Nicolau Romanov, e contava uma história fantástica da fuga, em 1917. “Eu, quando tinhas os meus 13 anos, tinha aulas com a princesa, ela foi minha professora na escola”, lembra.

Outros fatos reforçam a ideia de que Anastasia viveu na cidade mineira. Ela lecionava inglês, idioma que aprendeu na infância, para se comunicar com os avós por parte de mãe, descendentes da Rainha Vitória, na Inglaterra. Além disso, moradores antigos da cidade contam que ela gritava coisas estranhas, fatos de uma época realmente obscura, e frequentemente praguejava em russo.

Outro fator que chamava a atenção da população mineira na ocasião eram as exigências da princesa, como ela exigia ser tratada. “A princesa por sua vez carregou alguns costumes da sua infância, se ela pedisse por exemplo para que a ajudasse a atravessar a rua, um homem não podia tocar no ombro dela. Tinha que pôr um lenço e tocar no lenço e não na roupa dela. Nos bailes da cidade não era permitido sentir nas mãos ou o calor do corpo feminino, enquanto dançava”, conta a escritora Baby Garroux, em seu blog.

Durante o século XX, essa foi uma das histórias mais contadas e essa teoria gerou livros, peças e filmes, e trinta anos depois, uma animação de sucesso da produtora Fox Animation Studios chamada Anastasia acabou recriando os membros da família real em bonecos. O fato é que a princesa perdida nunca se revelou inteiramente, talvez por medo ou insegurança.

A história verdadeira é rodeada de incertezas. A grã-duquesa Anastasia Nikolaevna Romanov, da Rússia, nunca foi encontrada; seu corpo também não foi enterrado nos túmulos onde foram enterrados seus familiares.

Sem dúvida, existem assuntos fabulosos não esclarecidos que se tornam lendas urbanas por falta de investigação científica. Em Poços de Caldas, muitos visitantes e turistas costumam prestar homenagens a Anastasia Romanov, que teria vivido o resto de sua vida na cidade.

Se ela foi princesa ou não, ninguém terá absoluta certeza, mas em seu túmulo, na cidade de Poços de Caldas, está escrito: “Aqui jaz Grã-Duquesa Anastasia Romanov”, reforçando ainda mais essa história.

Túmulo da princesa Anastasia

Princesa Anastasia jovem

Princesa Anastasia

Família da princesa Anastasia


SOBRE:

Pindorama é a designação de um local mítico dos povos tupis-guaranis, que seria uma terra livre dos males. Foi também o primeiro nome atribuído ao Brasil pelos índios, antes da descoberta. Por analogia, um blog de Jornalismo Cultural seria “um espaço livre dos males”, um território onde a literatura e as artes encontram um terreno fértil para frutificar. Aqui você encontra a produção dos alunos do 6º Semestre de Jornalismo da UNIFAE, que estão construindo um blog coletivo, sob coordenação da Profª. Carmem Aliende.

Os alunos foram desafiados a produzir textos literários, críticas, resenhas, matérias e perfis relacionados  ao universo cultural, em suas várias vertentes - cinema, teatro, artes plásticas, dança, música, moda, literatura, gastronomia, etc. Entre os principais objetivos da atividade estão vivenciar a construção coletiva de um blog, percebendo suas peculiaridades e possibilidades de atuação profissional; aproveitar o potencial dos alunos que já têm alguma produção autoral para trocar experiências e motivar os demais; e criar formas de interação com o público.

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