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Malgrado, o longa-metragem do diretor sanjoanense David Ribeiro, produzido com R$ 3 mil reais

  • Anna Luísa Dias Bottene
  • 26 de fev. de 2019
  • 3 min de leitura

“Interessa muito mais o que você está querendo dizer do que a grana que você tem” (David Ribeiro)

Fazer um filme não é algo tão simples a ponto de se criar um todos os dias, não é mesmo? No entanto, até com um baixo orçamento é possível contar boas histórias. Em São João da Boa Vista (SP) um grupo de colegas se juntou e produziu um filme que custou R$ 3 mil reais. O trabalho durou três anos e foi exibido em mostras cinematográficas em São Paulo e no Rio de Janeiro.


“Acredito que ter o mínimo de conhecimento artístico é necessário para se contar uma boa história através de boas imagens e bons sons”. David Ribeiro à direita Foto: Arquivo Pessoal

Nessa entrevista, o diretor de Malgrado, David Ribeiro, fala sobre roteiro, orçamento, divulgação e dá dicas para quem quer produzir um documentário como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).


PINDORAMA: David, como você iniciou os trabalhos no audiovisual?

D: Comecei brincando, ainda adolescente... Tinha uma câmera, mini VHS, e aí comecei a gravar aniversários, brincar com meus amigos... mas quando decidi estudar Audiovisual, fui pra São Paulo (SP) estudar cinema na FAAP, em 2000, e depois trabalhei na Bienal como cinegrafista documentarista. Em 2003, trabalhei na Record como produtor e assistente de produtor.


PINDORAMA: E o que fez quando voltou para São João?

D: Voltei em 2005 e comecei a trabalhar na TV União como editor e cinegrafista. Em 2008, nós criamos um quadro de cinema, ideia que partiu do (Antonio Luis) Magalhães (apresentador da TV União), chamado Claquete que se tornou, em 2010, o CineClaquete.


“Para fazer um bom filme, basta contar boas histórias” Foto: Arquivo Pessoal

PINDORAMA: Foi a partir do seu trabalho na TV União que surgiu o Malgrado?

D: Isso. Depois que eu já estava familiarizado com a equipe da TV, criamos alguns quadros para inserir no CineClaquete, como pequenas dramatizações, encenações e foi ali que demos início ao Malgrado.


PINDORAMA: Atualmente você trabalha com audiovisual?

D: Sim. Estou na UNIFAE, trabalhando no Núcleo de Documentários, dentro do projeto Memória Viva. Também trabalho no Museu da Imagem e Som, em São Paulo, e sou contratado pelo MIS como oficineiro, ou seja, viajo pelo Estado dando oficinas de cinema.


PINDORAMA: Quais as características básicas de um diretor?

D: Acho que o diretor é o responsável por todo o aspecto técnico e artístico de uma produção, de um filme, seja ele um longa-metragem, comercial, vídeo para o Youtube. Ele é o responsável pela assinatura artística, por definir como a história vai ser narrada através da música, da imagem, dos áudios, dos elementos de cena. É quem vai assinar a história que está sendo contada pelo audiovisual.


PINDORAMA: Como é o processo de produzir um longa-metragem?

D: É simples e complicado ao mesmo tempo. Envolve uma equipe, porque não dá pra fazer um filme sozinho. Você precisa de alguém, seja para filmar, fazer a arte, os figurinos, atores, os responsáveis pela trilha. Mas ele basicamente nasce de uma ideia - não necessariamente de um diretor - ela é transformada em um argumento, que é uma história mais detalhada, e depois vira o roteiro, que já é um texto técnico pro filme. A partir do roteiro, ele é encaminhado para um storyboard (sequência de imagens), para a contratação, direção de fotografia, direção de som, elenco até chegar na pré-produção. Depois nós chegamos na filmagem e pós-produção, que é a montagem e finalização.


A produção de Malgrado durou três anos e custou R$ 3 mil reais Foto: Arquivo Pessoal

PINDORAMA: Malgrado teve um grande reconhecimento pela qualidade do conteúdo, mas principalmente pelo baixo custo de produção. Como é produzir com poucos recursos?

D: É possível porque interessa muito mais o que você está querendo dizer do que a grana que você tem. É tão possível que hoje temos Malgrado.


PINDORAMA: O que é preciso para produzir um longa?

D: Você tem que ter o mínimo de conhecimento técnico, como por exemplo manipular uma câmera. Mas também é necessário saber pelo menos um pouco daquilo que você está se propondo a fazer. Acredito que ter o mínimo de conhecimento artístico é necessário para se contar uma boa história através de boas imagens e bons sons.


PINDORAMA: David, alguns alunos de Jornalismo do UNIFAE pretendem produzir um vídeo-documentário como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Que dicas você pode dar?

D: Escolha um assunto que é do seu interesse, e isso não quer dizer senso comum, quer dizer escolher um assunto que tenha potencial. Optem por personagens interessantes, façam um roteiro antes de produzi-lo e mexa, se necessário. Trilhem essa jornada. Façam boas perguntas, tirem dos entrevistados o que eles têm de melhor.


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SOBRE:

Pindorama é a designação de um local mítico dos povos tupis-guaranis, que seria uma terra livre dos males. Foi também o primeiro nome atribuído ao Brasil pelos índios, antes da descoberta. Por analogia, um blog de Jornalismo Cultural seria “um espaço livre dos males”, um território onde a literatura e as artes encontram um terreno fértil para frutificar. Aqui você encontra a produção dos alunos do 6º Semestre de Jornalismo da UNIFAE, que estão construindo um blog coletivo, sob coordenação da Profª. Carmem Aliende.

Os alunos foram desafiados a produzir textos literários, críticas, resenhas, matérias e perfis relacionados  ao universo cultural, em suas várias vertentes - cinema, teatro, artes plásticas, dança, música, moda, literatura, gastronomia, etc. Entre os principais objetivos da atividade estão vivenciar a construção coletiva de um blog, percebendo suas peculiaridades e possibilidades de atuação profissional; aproveitar o potencial dos alunos que já têm alguma produção autoral para trocar experiências e motivar os demais; e criar formas de interação com o público.

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