Histórias (de terror) de São João e região

Provavelmente você já deve ter ouvido alguma que te deixou sem dormir

Histórias de assombração e fantasmas existem desde que os humanos desenvolveram a linguagem. Muita gente acredita que espíritos vagam por aí assombrando as pessoas, por outro lado, há quem pense se tratar apenas de lendas. E você, acredita em quê? São João da Boa Vista e região possuem uma quantidade de histórias e contos que fazem parte da memória de muita gente. Conheça algumas.

Adriano Lobo

Essa história, bem famosa na região, teria se passado na cidade de Águas da Prata, cidade vizinha a São João. Conta-se que no início década de 1900, em uma fazenda nas redondezas da cidade, um rapaz chamado Adriano vivia com sua mãe, que era viúva. A mãe de Adriano era uma senhora de idade já avançada e, após a morte do marido, passou a cuidar sozinha de seu filho e dos afazeres da fazenda. Adriano não era um filho exemplar; nervoso e agressivo, não se importava com sua mãe e nem com a fazenda, fazia apenas o que lhe desse prazer.

Certa noite, haveria uma grande festa na cidade; Adriano estaria animado com o acontecimento, mas sua mãe não estava de acordo que ele participasse, e os dois discutiram muito. Então, Adriano pediu aos empregados da fazenda para selar um cavalo enquanto ele se aprontava. Sua mãe, tomada pelo desespero ao ver que seu filho não a iria obedecer, soltou todos os cavalos da fazenda, a fim de impedir que o filho saísse naquela noite. Já vestido para o evento, Adriano foi em busca de seu cavalo, mas não o encontrou. Com muita raiva, o rapaz voltou para casa e agrediu sua mãe, primeiro verbalmente; depois, jogou-a no chão e colocou uma sela sobre suas costas, montou, como se monta num animal, e fez com que ela o levasse à festa. Ao chegar no local, a mãe, completamente esgotada, machucada e moribunda, lhe jogou uma praga antes de falecer: “Todas as noites de lua cheia, como esta de hoje, você irá se transformar em um animal”. Imediatamente após a mulher morrer, o rapaz correu pela mata adentro e desapareceu. Daquele dia em diante, Adriano nunca mais foi visto, pelo menos não na forma humana. Após o sinistro acontecimento, em noites de lua cheia, moradores da cidade dizem ouvir uivos e relatam o sumiço de animais de suas fazendas; há quem conte sobre encontrar animais mortos com mordidas enormes e aos pedaços. Outros relatam avistar um grande animal bizarro em forma de lobo, em noites de lua cheia. Com as narrativas locais, os mais antigos dizem que só pode ser o Adriano a tal criatura, que passou a ser chamado de “Adriano Lobo”.

O Fantasma do Teatro Municipal

Assim como todo teatro antigo, o de São João também tem suas histórias de assombrações. O prédio foi construído em 1913, projetado pelo arquiteto italiano J. Pucci e construído por Antonio Lanzac. A lenda conta que atores e funcionários que trabalham no teatro dizem que ainda hoje é possível ouvir conversas, fortes barulhos no palco, passos misteriosos e vozes que chamam as pessoas pelo nome. Esses estranhos ruídos são atribuídos aos espíritos das mais diversas companhias que já se apresentaram lá. Atrás do palco, há uma parede de tijolos, ainda original da construção centenária, e nela é possível ver gravados centenas de nomes de pessoas que ali trabalharam durante esses anos de existência do local.

O quarto misterioso da Santa Casa

Outra lenda urbana é a do quarto misterioso da Santa Casa de Misericórdia de São João. Ambientes hospitalares nunca são lugares agradáveis, né? Diz a lenda que todas as pessoas que eram internadas em um quarto específico do hospital acabavam indo a óbito, mesmo as que possuíam problemas simples. Essa história era levada tão a sério que o Dr. Francisco Maringolo, renomado médico sanjoanense, se negava a internar pacientes naquele quarto. Minha tia, que trabalha no hospital, conta que até hoje ela e seus colegas ouvem ruídos estranhos, passos, vozes e enxergam vultos nos corredores durante a noite. Assustador, né?

Espíritos da Fazenda Cachoeira

Aqui temos mais uma lenda que assusta os sanjoanenses. O cenário é a Fazenda Cachoeira, localizada entre São João da Boa Vista e Andradas. Construída em 1871, a fazenda possui mais de 40 quartos e data do tempo dos escravos. Ainda hoje, no casarão, permanecem os móveis e utensílios domésticos que eram utilizados durante sua época de ouro. Atualmente quem administra e cuida da fazenda é a Diocese de São João da Boa Vista, que realiza no local missas, quermesses e retiros espirituais. Os participantes, especialmente dos retiros, contam que escutam sons estranhos, barulhos de correntes se arrastando, passos no assoalho e cavalos marchando do lado de fora da fazenda. Eles atribuem esses fenômenos aos escravos que viveram e sofreram naquele lugar. E você, o que acha dessa história?

O corpo-seco da Serra da Paulista

Essa é uma lenda clássica da região, eu mesmo já ouvi várias versões. Não se sabe ao certo quando aconteceu, mas a história conta que o corpo-seco foi um fazendeiro que morava na Serra da Paulista. Ele era uma pessoa ruim, que maltratava familiares e realizava crueldades com escravos. Após morrer, ele foi rejeitado por Deus e pelo diabo. Até mesmo a terra onde havia sido enterrado, o expulsou. Sem ter para onde ir e com o corpo em estado de decomposição, teve de sair de seu túmulo e começou a viver como alma penada, vagando assim por toda serra.