Chorinho, o primeiro gênero musical brasileiro
- Bruna Souza
- 26 de fev. de 2019
- 3 min de leitura
O Choro, mais conhecido como Chorinho, é considerado o primeiro gênero musical genuinamente brasileiro. Surgiu no Rio de Janeiro, em meados do século XIX, e até hoje está presente entre os músicos da nova geração e é prestigiado no Brasil e no mundo todo.
Os primeiros grupos de Choro eram formados por violão, flauta e cavaquinho, depois evoluiu para uma formação mais completa. Violão, violão 7 cordas, cavaquinho e pandeiro passaram a ser a base dos famosos "Regionais", conjuntos formados para acompanhar solistas e cantores.
A história do Choro no Brasil começou com a chegada da família real portuguesa, que se instalou no Rio de Janeiro e trouxe músicos para realizar os bailes. Na tentativa de imitar aquelas canções dos músicos portugueses, os cariocas, em geral funcionários públicos, que tocavam nos bares após o trabalho, estavam prestes a criar uma nova linguagem. Somando a influência das músicas africanas que já estavam presentes no Brasil, com músicas europeias, nascia o que no início do século seguinte seria batizado e reconhecido como o Choro, gênero musical riquíssimo em história, ritmo, sentimento e musicalidade.
Os jovens "chorões" Gabriel C. O. Carbonari e Jéssica Rosado estão juntos há 10 anos e descobriram a paixão pela música. Há quatro anos, largaram o emprego para se dedicar à música, especificamente ao Choro, no renomado Conservatório Dr. Carlos de Campos, mais conhecido como Conservatório de Tatuí, onde tiveram a oportunidade de aprimorar a linguagem.

A partir dalí, construíram projetos independentes e a parceria como casal se tornou também profissional. Hoje, com o duo “Choro a dois”, organizam apresentações musicais e didáticas em diversos pontos turísticos da cidade de Poços de Caldas, MG, tendo como principal formação, o Bandolim e o Violão de 7 Cordas. “Acredito que seja o gênero mais difícil de se tocar. O Choro está mais ou menos entre a música erudita e a música popular. É tão trabalhado e bem executado como a música erudita, mas tem balanço e improviso que vem da cultura popular. É nosso dever preservar e dar sequência, para que as próximas gerações também tenham a oportunidade de beber desta fonte, que na minha opinião, é a mais rica música do nosso planeta,” conta Gabriel.
Preservando origens
O duo trabalha paralelamente com outro gênero musical brasileiro, que surgiu a cerca de 100 anos e andou lado a lado com o choro, o samba. “O samba é um gênero muito autêntico e representa a força do povo brasileiro. Tem uma grande diversidade de ritmos, muito batuque e muita essência das referências africanas, o que contribuiu para tornar a música brasileira tão diferenciada e cheia de balanço. É um gênero que a gente defende no nosso trabalho de igual pra igual com o choro. A gente faz o possível para tocar da maneira que os grandes mestres ensinaram, como era tocado no passado, com aquela essência bonita que veio do choro, onde a simplicidade prevalece e toca o ouvinte no fundo da alma. Acho que foi isso que nos cativou”, explica Gabriel.
Jéssica ressalta os compositores que não podem faltar durante as apresentações. "Nos repertórios dos shows fazemos questão de colocar canções de grandes nomes do samba como: Cartola, Noel Rosa, Nelson Cavaquinho, Lupicínio Rodrigues e Paulinho da Viola".

Choro tocado e ensinado
Mais do que tocar, o duo ensina a cultura do choro: “Fazemos apresentações didáticas e gratuitas contando um pouco da história do choro, falando da linguagem… A gente menciona diversos compositores de grande importância e que devem ser conhecidos e pesquisados, para que todos saibam da importância desse gênero musical", conta Gabriel.

Além das apresentações, o casal dá aulas e fala da importância de estudar esse gênero “A gente não tem ainda no Brasil um número grande de professores com essa capacitação, mas deveria ser a linguagem-base para se ensinar música no nosso país. O estudo do choro faz a pessoa adquirir não só técnica, conhecimento e habilidade, mas muita sensibilidade também, porque no choro existe muito improviso. O choro se criou nas rodas, em quintais, botecos e até hoje se preserva essa cultura de tocar espontaneamente, mas com a dignidade de uma apresentação, um verdadeiro show que se cria de forma única a cada encontro".
Trabalho independente
Gabriel e Jéssica preparam desde o repertório e roteiro das apresentações, até editais, venda dos shows e a divulgação nas redes sociais. Além dos trabalhos, Jéssica acredita que as apresentações em asilos, fazem toda a diferença na vida de pessoas que cresceram ouvindo o chorinho. “Os idosos são tocados com uma intensidade muito grande porque faz parte de uma memória do passado, normalmente associada à família, e que é resgatada instantaneamente pela música gerando alegria e muita emoção. É muito importante também para o público em geral, porque contempla aqueles que já têm uma certa carência deste tipo de música, e acaba servindo como referência para aqueles que ainda não conhecem", explica Gabriel.

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