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Blackout: a luz na escuridão

  • Sarah Boneti
  • 26 de fev. de 2019
  • 3 min de leitura

Há 18 anos, o grupo de dança mantém viés social, em São João da Boa Vista

A coreografia “Área Restrita” em um festival de dança Foto: Reprodução

"De tudo, ficaram três coisas: a certeza de que ele estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro", a reflexão do escritor Fernando Sabino retrata o trajeto Blackout, grupo sanjoanense de dança que nasceu inspirado num antigo projeto social da cidade que levava arte a jovens no período em que não estavam na escola.


O grupo se reúne para os ensaios em quadras de escolas Foto: Reprodução

Com o fim do projeto, um de seus frequentadores, Carlinhos Reis, teve a ideia de dar continuidade ao que havia aprendido nas aulas de jazz. Reuniu alguns amigos e fundou, em 2000, o grupo Radar. “Começamos por diversão e hobby, mas acabou virando uma coisa séria e que tem dado certo. Recebemos o primeiro convite para se apresentar numa inauguração e através dessa experiência nós queríamos mais. Foi aí que foi crescendo nosso amor e garra”, lembra.


O Radar teve outros nomes: Pura Arte, Balaco Baco e Black & White, e em 2008 foi reorganizado e rebatizado com o nome de Blackout. “A maioria dos integrantes é negra; antes só tinha uma menina branca. Reis conta que a inspiração do atual nome surgiu da observação do preconceito: “As pessoas costumavam zombar quando nós chegávamos nos locais e diziam ‘olha a escuridão total’, ‘deu blackout’ e foi isso que nos fez mudar o nome em vez de acharmos ruim”, reflete.


O ritmo que acompanha o grupo desde a criação é a dança de rua, que envolve energia e ginga. “Quase ninguém conhecia o Blackout, só as periferias. Depois de participar de alguns festivais de danças, fomos recebendo reconhecimento. Nos organizamos, investimos e além do contato com outros grupos, aprendemos na prática sobre a dança de rua. Criamos a coreografia “Área Restrita”, em 2010, e no ano seguinte ganhamos em 3° lugar o Cacondense, festival de dança da cidade de Caconde. Somos independentes, ninguém é profissional, fazemos dança por amor e ganhamos de uma academia que estava na estrada há anos. Era a certeza de que estávamos no caminho certo”, diz Reis.


Carlinhos Reis é o fundador do grupo Blackout e atual coreografo Foto: Arquivo Pessoal

Objetivo social

Além da dança, o Blackout trabalha outros aspectos que contribuem para a formação total dos participantes, como disciplina, estímulo ao trabalho em equipe, solidariedade, formação de valores e atitudes éticos-sociais, estímulo ao conhecimento e integração às diferentes linguagens artísticas.


“Fomos dando possibilidades a esses jovens. Virou um projeto social, uma família. Vários amores nasceram, várias pessoas tiveram até filhos e centenas de jovens sanjoanenses já passaram pelo grupo. Às vezes esses jovens chegam no aqui sem um foco na vida, sem incentivo, sem querer estudar, trabalhar ou fazer algo, e quando entram, começam a florescer. Essa é a mágica! Aprendi com Blackout é que nossa vida acontece quando estamos planejamos as coisas”, destaca o coreógrafo.


O professor de artes Edson Elídio fala da importância do projeto com os jovens. “Conheci o grupo numa apresentação na escola e me encantei. Comecei a acompanhar e a citá-los como fonte de informação nos demais espaços em que participo. O Carlinhos investe na ação social com os envolvidos. A trajetória se revela no sorriso de cada pessoa ao falar do Blackout”, afirma Elídio.


Foi por meio de um convite de um amigo que Junior Souza entrou para o time e criou mais que apego pela dança. “Eu ouvia falar muito do grupo. Assistindo à apresentação senti uma energia diferente vinda do palco, de arrepiar e depois desse dia virei fã. O Blackout tem o poder de mostrar esse amor diferenciado. Só quem está dentro sabe. Criei uma afeição de família, um sentimento único, parabenizo por todos esses anos de trabalho duro, o Blackout é espetacular”, finaliza.


As produções de videoclipes, apresentações e bastidores do grupo também estão disponíveis no Youtube. Vale de modo especial conferir o clipe da coreografia Massive Attack II em: https://www.youtube.com/watch?v=odX0P1V_0BM.


SOBRE:

Pindorama é a designação de um local mítico dos povos tupis-guaranis, que seria uma terra livre dos males. Foi também o primeiro nome atribuído ao Brasil pelos índios, antes da descoberta. Por analogia, um blog de Jornalismo Cultural seria “um espaço livre dos males”, um território onde a literatura e as artes encontram um terreno fértil para frutificar. Aqui você encontra a produção dos alunos do 6º Semestre de Jornalismo da UNIFAE, que estão construindo um blog coletivo, sob coordenação da Profª. Carmem Aliende.

Os alunos foram desafiados a produzir textos literários, críticas, resenhas, matérias e perfis relacionados  ao universo cultural, em suas várias vertentes - cinema, teatro, artes plásticas, dança, música, moda, literatura, gastronomia, etc. Entre os principais objetivos da atividade estão vivenciar a construção coletiva de um blog, percebendo suas peculiaridades e possibilidades de atuação profissional; aproveitar o potencial dos alunos que já têm alguma produção autoral para trocar experiências e motivar os demais; e criar formas de interação com o público.

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