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O dia em que a rainha deu a volta por cima


Era um dia diferente dos outros. Eu ia começar no meu primeiro emprego. A expectativa e a ansiedade não haviam me deixado dormir na noite anterior. Minha mãe me aconselhava na nova fase.


Entrei no trabalho ao meio dia e sai às cinco. Satisfeita e feliz, ansiosa para relatar todas as novidades. Meus planos eram encontrar minha mãe no seu trabalho e juntas, a caminho de casa, eu poderia contar-lhe tudo.


Ao encontrá-la, veio o convite: “Filha, venha ver essas joias que a moça está vendendo!” Mas ao entrar na sala e encontrar a tal moça, encontrei também um olhar de indiferença com aquela que vestia um uniforme diferente... de faxineira.


Namorando as joias, a mulher, que é a minha base e a minha inspiração, encontrou um aparador de alianças, objeto de desejo há anos... O dinheiro extra recebido naquele mês permitia-lhe realizar um sonho: “Qual o valor desse aparador?” E então aquela-que-vestia-um-uniforme-de-vendedora, com arrogância na fala e preconceito no olhar, discriminou: “Esse aparador é muito caro pra você!” E eu assistia tudo. Raiva, indignação e revolta foram alguns dos sentimentos que me atingiram naquele momento, diante das pessoas que lotavam a sala em busca de uma joia. Sem reação, fomos embora.


Mas a história não acabaria ali. Nada como um dia após o outro. E no outro, minha referência de vida, meu exemplo e inspiração pediu a uma amiga que chamasse na empresa a mulher-que-vestia-um-uniforme-de-vendedora. Para não perder a venda, ela foi e ouviu: “Eu quero o aparador de aliança que você não quis me vender ontem” – disse, retirando o dinheiro do bolso e colocando-o sobre a mesa.


Não é preciso dizer que o óbvio aconteceu. Mas aquela mulher perderia naquela oportunidade muitas clientes. Ela nunca mais voltou, nem com o uniforme de vendedora, nem com outro qualquer.



SOBRE:

Pindorama é a designação de um local mítico dos povos tupis-guaranis, que seria uma terra livre dos males. Foi também o primeiro nome atribuído ao Brasil pelos índios, antes da descoberta. Por analogia, um blog de Jornalismo Cultural seria “um espaço livre dos males”, um território onde a literatura e as artes encontram um terreno fértil para frutificar. Aqui você encontra a produção dos alunos do 6º Semestre de Jornalismo da UNIFAE, que estão construindo um blog coletivo, sob coordenação da Profª. Carmem Aliende.

Os alunos foram desafiados a produzir textos literários, críticas, resenhas, matérias e perfis relacionados  ao universo cultural, em suas várias vertentes - cinema, teatro, artes plásticas, dança, música, moda, literatura, gastronomia, etc. Entre os principais objetivos da atividade estão vivenciar a construção coletiva de um blog, percebendo suas peculiaridades e possibilidades de atuação profissional; aproveitar o potencial dos alunos que já têm alguma produção autoral para trocar experiências e motivar os demais; e criar formas de interação com o público.

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