Garotos também dançam
“No começo, eu fazia balé escondido. Tinha que falar para ele que estava em casa. Ele queria que eu fizesse luta, mas eu ia para o balé”.
A situação acima foi vivenciada durante um bom tempo por Carlos Bueno, um adolescente de 16 anos, morador da cidade de São José do Rio Pardo- SP. O jovem pratica balé clássico há três anos, no “Studio de Dança Laís Viana”, mas teve que enfrentar alguns obstáculos para continuar vivendo seu sonho. Durante algum tempo, a resistência e preconceito vinham de sua família, sendo mais exata, de seu pai. Para ele, dançar era “coisa de menina”. Carlos conta que foi um desafio fazer com que seu pai compreendesse que a dança não tem a ver com sexo, mas com seu bem estar pessoal, e realização de um sonho.
“Meus colegas mesmo tiravam sarro. Colocavam as mãos para cima, imitando bailarina. Ter que lidar com isso chegava a me irritar, e ás vezes eu acabava chorando”.
Apesar de todas as dificuldades, o jovem não desistiu. Não permitiu que os estereótipos criados pela sociedade o colocasse para baixo. “Quando estou dançando, sinto brotar uma alegria dentro de mim. É lá (no estúdio) onde esqueço todos os meus problemas, que tento dar o meu melhor. É impossível descrever a emoção”, declara.
Em seu primeiro espetáculo, “ A Bela e a Fera”, Carlos ganhou o papel da vela, onde tinha uma música exclusiva para apresentar seu solo. Em dezembro deste ano, foi escalado para interpretar o gênio, em “Aladim”, um dos personagens principais. “ Tive que praticar muito as técnicas de expressão, e treinar minha flexibilidade. ”
A preparação é intensa, o bailarino pratica aulas de segunda a sexta-feira, de 4 a 6 horas. Como consequência de toda sua dedicação, ele ganhou uma bolsa para um curso em São Paulo, que terá inicio em janeiro de 2018. “ Sonho em fazer parte de uma coisa maior”. Carlos afirma que seu sonho é trabalhar com dança, e que se esforça ao máximo para realizar este desejo.
Ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, balé é sim coisa de homem. Na realidade, foram eles que iniciaram a prática da dança. O balé clássico surgiu na corte Europeia por volta de 1.400. Somente os homens dançavam. Neste período, era um sinal de status elevado e boa educação. As mulheres foram introduzidas no balé em 1681, mais de 200 anos depois.