top of page

RUA DA INFÂNCIA, Nº 60

  • Jonathan Faranha
  • 24 de nov. de 2016
  • 2 min de leitura


Eu não tinha 5 mil amigos. Os que eu tinha eram o “Cabeça”, o “Pezão”, o “Rato” e o Ronaldo – o único que não tinha apelido, pois estava na 2ª série e tinha 13 anos. E, na verdade, eu não saberia o nome dos outros se não fosse o grito da mãe chamando para jantar.O futebol da rua tinha poucas regras: 10 minutos ou 2 gols; o dono da bola nunca saía – exceto se tivesse lição da escola. O maior clássico da Terra, “Camisa x Sem Camisa” – isso quando a Carolzinha não estava jogando e fingíamos brincar de outra coisa, já que “futebol é coisa de moleque”.


Fim de semana tinha taco, esconde-esconde, pega-pega e algumas brincadeiras de “menina” que eu gostava. Brincava escondido dos outros meninos de amarelinha, mês-castigo, tudo sem baixar nenhum app e sem precisar atualizar. No fim de semana, tinha esconde-esconde. Não tinha quem achava o Marcelo. Na última vez que ele se escondeu, virou andarilho, ninguém nunca achou.


O lugar onde eu mais gostava de ir era o sítio da minha avó. Dona Lourdes me dava de comer a cada cinco minutos – o que faz dela e do cara que inventar a cura do câncer, as melhores pessoas


de todos os tempos. Pé-de-moleque, cocada caseira, paçoca, etc. Ela era a típica avó: 80 anos, pele toda enrugada, mãos trêmulas.Tinha um pouco de medo dela quando estava sem dentadura... Ela era muito fofinha, bonitinha e inocente. “Inocente” até eu entender como são fabricados os bebês, ela teve 12.


Ganhei uma vez um pião, não vou entrar em muitos detalhes, pois ele caiu nas mãos da minha professora da 1ª série, Dona Wanda, e acabou confinado ao regime solitário do armário. A fiança só seria paga pela presença dos meus pais, então preferi esquecer para não ter um final semelhante. Descanse em paz!


Preferi aprender a pular corda, por causa da Isabela, a menina mais bonita do quarteirão... Na verdade, eu meio que não aprendi, já que caí de queixo na primeira vez que pulei. Ela riu de mim. Não sei se o que doeu mais foi a risada ou o mertiolate que ardia muito.


OBS: Nomes alterados para preservar a integridade dos envolvidos (exceto o Ronaldo)

Posts recentes

Ver tudo
Fator L: A Maldição do Lobisomem

Sangue de Lobo traz uma nova visão sobre a condição do homem que se transforma em lobo Uma história envolvente, cheia de mistérios e...

 
 
 

Comments


SOBRE:

Pindorama é a designação de um local mítico dos povos tupis-guaranis, que seria uma terra livre dos males. Foi também o primeiro nome atribuído ao Brasil pelos índios, antes da descoberta. Por analogia, um blog de Jornalismo Cultural seria “um espaço livre dos males”, um território onde a literatura e as artes encontram um terreno fértil para frutificar. Aqui você encontra a produção dos alunos do 6º Semestre de Jornalismo da UNIFAE, que estão construindo um blog coletivo, sob coordenação da Profª. Carmem Aliende.

Os alunos foram desafiados a produzir textos literários, críticas, resenhas, matérias e perfis relacionados  ao universo cultural, em suas várias vertentes - cinema, teatro, artes plásticas, dança, música, moda, literatura, gastronomia, etc. Entre os principais objetivos da atividade estão vivenciar a construção coletiva de um blog, percebendo suas peculiaridades e possibilidades de atuação profissional; aproveitar o potencial dos alunos que já têm alguma produção autoral para trocar experiências e motivar os demais; e criar formas de interação com o público.

 POSTS recentes: 
 procurar por TAGS: 

© 2018  PINDORAMA - Criado pelos alunos do 6º semestre de Jornalismo UNIFAE. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page