A MORAL DA HISTÓRIA

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Na pacata cidade Julgamento, localizada no estado Moralismo, no país Dias de Hoje, moram na mesma rua três pessoas bem distintas uma das outras. Caio César é um jovem bonito, descolado e “moderninho”. Ele é vizinho de frente de Iolanda, uma dona de casa da terceira idade que, por sua vez, mora ao lado de Gertrudes, também dona de casa, a matriarca de uma família estruturada de acordo com as regras da sociedade tradicional.

Iolanda e Gertrudes não aceitam o estilo que Caio César se veste, muito menos o estilo que ele vive a vida. Elas acham o cúmulo que o jovem se vista com camisetas longline, calças apertadas e use o cabelo comprido em cima e raspado aos lados. Também acham um absurdo os horários que ele chega em casa e as frequentes festinhas particulares que ele dá.

- Eu não me conformo, Gertrudes! E aquele lacinho que ele usa pra prender o cabelo? Só faltava ser cor-de-rosa!

- Se fosse com o meu filho, Iolanda, levaria uma boa surra pra aprender a virar homem!

Pois bem... Gertrudes não sabe, mas Augusto, seu filho “prodígio”, se enturmou com uma galerinha da pesada. Vivem pelos becos escuros da cidade fazendo coisas que a sociedade não aprova (e nem a polícia).

Iolanda, por sua vez, nunca teve esse problema. Ela leva seus filhos e seu neto à missa todos os domingos com seu carro que polui o ambiente. Chegando lá, ela divide sua atenção entre os ensinamentos do padre e as roupas curtas usadas pelas moças que lá estão. Depois, ela vai embora devagar, com o nariz em pé e ignora o morador de rua que lhe pediu um pedaço de pão. Chegando em casa, ela chuta o cachorro que alegremente veio lhe receber, deita na cama, reza mais um Pai Nosso e uma Ave Maria e adormece com a sensação de dever cumprido.

E assim caminha a humanidade: todo mundo tem uma sujeirinha debaixo do tapete, mas mesmo assim, acha mais interessante olhar o tapete do vizinho. A moral desta história é, justamente, que ninguém tem moral.