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Comitiva: tradição que resiste ao tempo

“A paz da roça, a convivência com os animais, o som do berrante, as histórias, as modas de viola, eu sou muito feliz com essa vida e só tenho a agradecer por fazer parte disso”, conta Aline de Jesus Almeida, a Aline Berranteira. Longe dos avanços dos prédios e do asfalto, o sertão resiste com suas festas tradicionais, romarias e cavalgadas, que têm entre as principais atrações as comitivas.

No dicionário, comitiva tem entre os significados “grupo de peões que conduzem tropa ou boiada”. Ao longo dos anos, os grupos que se uniam só para trabalhar estreitaram os laços para além das relações da lida. Amizade, respeito e bons amigos são os ingredientes para uma boa comitiva, de acordo com Janaína, coordenadora da Comitiva Chik Bakanizado: “precisa respeitar o animal, ter paixão pelo chapéu e a bota, gostar de modão, que conta a nossa realidade e o nosso jeito simples de viver”, diz.

Buscando mais contato com o cavalo, com a terra e principalmente com a fé, há 16 anos, Delvanir de Araújo montou a comitiva Pé de Pano, que mobiliza ao longo de 300 km 20 pessoas e animais de Poços de Caldas (MG) à Aparecida do Norte (SP). “É antes de qualquer coisa uma questão de fé e devoção a Nossa Senhora Aparecida, porque se não tiver, ou você vai só até a metade do caminho, ou não volta no ano seguinte. A emoção de ver a basílica é enorme, durante o percurso dorme mal, não come bem, mas é indescritível quando chega lá. Essa emoção o tempo não apaga, por isso vira tradição”, diz Araújo.

A tradição que passa de geração para geração também foi fator importante para o nascimento da Comitiva Sistemáticos. “É uma honra fazer parte, meu avô sempre me apoiou a mostrar e manter essa memória viva é muito gratificante”, conta Aline Berranteira, de 20 anos.

A ideia de manter tradições funciona. Na comitiva Pé de Pano há participantes de 60 anos que dividem os caminhos com crianças de quatro anos. Além de fortalecer os vínculos entre amigos e gerações, as comitivas são capazes de aproximar as pessoas dos animais. “O cavalo é meu companheiro de trabalho e também meu parceiro de lazer. A gente lida com ele todos os dias, não tem como não gostar”, diz Janaina, pronta para deixar as próximas marcas de ferradura no chão e na estrada.

Janaína montou uma comitiva para representar sua cidade nas festas da região sul mineira

Para Aline não há vida melhor que a do campo

Delvanir a todo ano leva sua comitiva até Aparecida do Norte (SP)


SOBRE:

Pindorama é a designação de um local mítico dos povos tupis-guaranis, que seria uma terra livre dos males. Foi também o primeiro nome atribuído ao Brasil pelos índios, antes da descoberta. Por analogia, um blog de Jornalismo Cultural seria “um espaço livre dos males”, um território onde a literatura e as artes encontram um terreno fértil para frutificar. Aqui você encontra a produção dos alunos do 6º Semestre de Jornalismo da UNIFAE, que estão construindo um blog coletivo, sob coordenação da Profª. Carmem Aliende.

Os alunos foram desafiados a produzir textos literários, críticas, resenhas, matérias e perfis relacionados  ao universo cultural, em suas várias vertentes - cinema, teatro, artes plásticas, dança, música, moda, literatura, gastronomia, etc. Entre os principais objetivos da atividade estão vivenciar a construção coletiva de um blog, percebendo suas peculiaridades e possibilidades de atuação profissional; aproveitar o potencial dos alunos que já têm alguma produção autoral para trocar experiências e motivar os demais; e criar formas de interação com o público.

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